Panorama de Cannabis Medicinal no Brasil- Marco Regulatório
Neste post, explicamos de forma clara e atualizada como funciona o marco regulatório brasileiro, quais são as normas da ANVISA, as possibilidades legais de acesso e os principais desafios desse cenário em construção. Uma leitura essencial para quem busca informação confiável, segura e baseada na legislação vigente.
Dra. Fernanda Valeriano | CRM-MG 67890
11/23/20252 min read


O marco regulatório da Cannabis Medicinal no Brasil ainda está em construção, mas já permite o uso medicinal da cannabis dentro de critérios bem definidos. Atualmente, o principal eixo regulatório da cannabis medicinal no Brasil é estabelecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Desde 2015, a agência vem atualizando normas que possibilitam o acesso a produtos à base de cannabis para fins terapêuticos. Um dos marcos mais relevantes foi a Resolução da Diretoria Colegiada nº 327, publicada em 2019, que regulamentou a fabricação, a importação, a comercialização, a prescrição e a dispensação de produtos de cannabis para uso medicinal no país. Essa resolução não classifica esses produtos como medicamentos tradicionais, mas cria uma categoria regulatória específica, com exigências próprias de qualidade, segurança e controle.
Pelo marco regulatório vigente, pacientes podem acessar a cannabis medicinal de duas formas principais. A primeira é por meio da importação de produtos à base de cannabis, mediante prescrição médica e autorização individual concedida pela ANVISA. Esse processo é relativamente simplificado e pode ser feito de forma online, com validade determinada e necessidade de renovação periódica. A segunda via é o uso de produtos de cannabis regularizados no Brasil, fabricados ou importados por empresas autorizadas, que devem seguir critérios de boas práticas, rotulagem adequada e controle de concentração de canabinoides.
A prescrição médica é um ponto central desse arcabouço regulatório. No Brasil, qualquer médico regularmente inscrito no Conselho Regional de Medicina pode prescrever produtos à base de cannabis, desde que haja indicação clínica, respaldo técnico-científico e consentimento informado do paciente. A prescrição deve ser feita de forma clara, com identificação do produto, concentração, posologia e via de administração, além de ser acompanhada de documentação adequada no prontuário. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido é amplamente recomendado como instrumento ético e legal para garantir que o paciente compreenda os benefícios, riscos e limitações do tratamento.
Apesar dos avanços, o marco regulatório da cannabis medicinal no Brasil ainda enfrenta desafios importantes. O custo elevado dos produtos, a burocracia para acesso, a limitação de opções terapêuticas disponíveis no mercado nacional e a necessidade de maior capacitação dos profissionais de saúde são alguns dos pontos que ainda dificultam a ampliação do acesso. Além disso, o cultivo em larga escala para fins medicinais e científicos ainda carece de regulamentação específica, o que limita o desenvolvimento da cadeia produtiva nacional e o avanço da pesquisa.
Mesmo com essas limitações, o panorama regulatório brasileiro representa um avanço significativo em relação ao passado recente, oferecendo um caminho legal e relativamente seguro para o uso medicinal da cannabis. O fortalecimento desse marco depende de atualização constante das normas, ampliação do debate científico, formação profissional e construção de políticas públicas que conciliem acesso, segurança do paciente e controle sanitário. A cannabis medicinal, dentro de um ambiente regulatório sólido e responsável, tende a ocupar um espaço cada vez mais relevante no cuidado em saúde no Brasil.
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