Doses e Interações Medicamentosas da Cannabis Medicinal

Entenda a importância da titulação adequada da dose e da avaliação das interações medicamentosas. Acompanhe nosso post para orientações essenciais sobre como minimizar riscos e otimizar os resultados terapêuticos.

Dra. Fernanda Valeriano| CRM-MG 67890

12/11/20252 min read

         A cannabis medicinal vem sendo cada vez mais incorporada à prática clínica, mas seu uso seguro depende de dois pilares fundamentais: a definição adequada da dose e a atenção às interações medicamentosas. Diferentemente de muitos medicamentos convencionais, não existe uma dose única que funcione para todos os pacientes. A resposta aos canabinoides varia de acordo com idade, peso, condição clínica, sensibilidade individual, composição do produto e presença de outras doenças ou tratamentos em uso. De forma geral, a regra mais segura na prescrição de cannabis medicinal é iniciar com doses baixas e aumentar de forma gradual, respeitando o tempo de adaptação do organismo. Esse cuidado reduz o risco de efeitos adversos, como sonolência, tontura, ansiedade ou taquicardia, especialmente quando há presença de THC. A titulação deve ser individualizada, baseada na resposta clínica e na tolerabilidade do paciente, e nunca realizada de forma abrupta ou sem orientação médica.

    Além da dose, as interações medicamentosas merecem atenção especial. Os canabinoides, principalmente o canabidiol (CBD), podem interferir no sistema do citocromo P450, responsável pelo metabolismo de diversos medicamentos. Essa interferência pode aumentar ou reduzir a concentração de outros fármacos no organismo, alterando sua eficácia ou elevando o risco de efeitos colaterais. Entre os medicamentos mais frequentemente envolvidos nessas interações estão anticoagulantes, como a varfarina, anticonvulsivantes, benzodiazepínicos, antidepressivos e opioides.

    Pacientes em uso de múltiplos medicamentos, idosos e pessoas com doenças hepáticas ou renais apresentam maior risco de interações e, por isso, precisam de acompanhamento mais rigoroso. A revisão completa da prescrição antes do início da cannabis medicinal é indispensável, assim como o monitoramento clínico contínuo após o início do tratamento. Em alguns casos, pode ser necessário ajustar doses de medicamentos concomitantes ou solicitar exames laboratoriais para garantir segurança. A cannabis medicinal não deve ser utilizada por conta própria nem ajustada sem orientação profissional. Quando a dose é bem definida e as interações são devidamente avaliadas, o tratamento tende a ser mais eficaz, previsível e seguro. O uso responsável da cannabis medicinal exige conhecimento técnico, acompanhamento médico contínuo e uma abordagem individualizada, sempre colocando a segurança do paciente em primeiro lugar.