Cannabis Medicinal: Contraindicações e Cuidados Essenciais
A cannabis medicinal tem ganhado destaque como opção terapêutica em diversas condições clínicas. No entanto, apesar de seu potencial benefício, nem todo paciente pode ou deve utilizar produtos à base de cannabis. Conhecer as contraindicações, precauções e situações que exigem maior cautela é fundamental para garantir segurança, evitar efeitos adversos e promover um uso ético e responsável. Este artigo apresenta, de forma clara e baseada em princípios clínicos, quando a cannabis medicinal não é indicada ou deve ser usada com extrema cautela.
Dra. Fernanda Valeriano Zamora | CRM-MG 67890
11/27/20253 min read


A cannabis medicinal é frequentemente vista como uma alternativa natural e, por isso, muitas pessoas acreditam que ela seja segura para todos. No entanto, essa ideia não corresponde à realidade. Assim como qualquer intervenção terapêutica, a cannabis possui indicações bem definidas, contraindicações absolutas e relativas, além de situações que exigem cautela e monitoramento rigoroso. Quando utilizada de forma indiscriminada, sem avaliação médica adequada, ela pode causar efeitos adversos relevantes e até agravar condições clínicas já existentes.
Existem situações em que o uso da cannabis medicinal não é recomendado, pois os riscos superam claramente os possíveis benefícios. Um dos principais exemplos envolve pessoas com histórico de psicose ou transtornos psicóticos, como esquizofrenia, transtorno esquizoafetivo ou episódios psicóticos prévios. Nesses casos, especialmente produtos que contêm THC devem ser evitados, pois essa substância pode desencadear ou piorar sintomas como delírios, alucinações e desorganização do pensamento, mesmo em doses relativamente baixas.
Outra situação em que o uso é contraindicado ocorre quando há hipersensibilidade conhecida aos componentes do produto. Embora seja rara, pode haver reação adversa não apenas aos canabinoides, mas também aos terpenos ou aos excipientes utilizados, como óleos veiculares e conservantes. Quando existe suspeita de reação alérgica ou intolerância, o uso deve ser interrompido até avaliação especializada.
Ainda não existem evidências científicas suficientes que comprovem a segurança do uso da cannabis durante a gravidez ou a amamentação, os possíveis riscos incluem interferência no desenvolvimento neurológico do feto ou do bebê, motivo pelo qual o uso não é recomendado, salvo em situações muito específicas, excepcionais e cuidadosamente avaliadas.
Crianças e adolescentes também fazem parte de um grupo que exige atenção especial. Embora existam indicações bem estabelecidas, como algumas epilepsias refratárias, o uso nessa faixa etária deve ser restrito a casos bem definidos, com preferência por formulações sem THC ou com teor mínimo dessa substância. Além disso, é indispensável o consentimento informado dos responsáveis e o acompanhamento por profissionais experientes.
Pacientes com doenças cardiovasculares merecem cuidado redobrado. O THC pode provocar taquicardia, alterações da pressão arterial e aumento da demanda de oxigênio pelo coração. Pessoas com histórico de arritmias, doença arterial coronariana ou insuficiência cardíaca só devem considerar o uso de cannabis após avaliação médica criteriosa e acompanhamento próximo.
Pacientes com insuficiência hepática ou renal também precisam de avaliação cuidadosa, já que os canabinoides são metabolizados principalmente no fígado. Quando há comprometimento dessas funções, pode ocorrer acúmulo da substância no organismo, aumentando o risco de efeitos adversos. Nesses casos, ajustes de dose e, em algumas situações, monitoramento clínico e laboratorial são necessários.
Um ponto crítico no uso da cannabis medicinal são as interações medicamentosas. Os canabinoides podem interferir no metabolismo de diversos fármacos, especialmente aqueles processados pelo sistema do citocromo P450. Isso inclui medicamentos como anticoagulantes, anticonvulsivantes, benzodiazepínicos e antidepressivos. Essas interações podem aumentar efeitos colaterais ou reduzir a eficácia dos tratamentos em uso, reforçando a importância de uma avaliação completa da medicação do paciente antes de iniciar a cannabis.
Mesmo quando não há uma contraindicação formal, algumas situações exigem acompanhamento mais próximo, como no caso de idosos, que têm maior risco de sedação, confusão mental e quedas. Pacientes que usam muitos medicamentos ao mesmo tempo, pessoas com histórico de dependência química e profissionais que exercem atividades de risco, como dirigir ou operar máquinas, também precisam de orientações específicas e monitoramento contínuo.
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