Entendendo a Farmacologia da Cannabis Medicinal: CBD, THC e suas Vias de Administração
Neste post, explicamos de forma clara e baseada em ciência a farmacologia da cannabis medicinal, os mecanismos de ação dos principais canabinoides e como cada forma de uso influencia eficácia, segurança e efeitos adversos. Conteúdo essencial para quem busca prescrever ou utilizar cannabis com mais precisão e responsabilidade.
Dra. Fernanda Valeriano| CRM-MG 67890
12/12/20252 min read


Conhecer as diferenças entre os principais canabinoides, especialmente o canabidiol (CBD) e o tetraidrocanabinol (THC), assim como entender como as diferentes vias de administração influenciam os efeitos terapêuticos, é essencial para uma prescrição individualizada e baseada em evidências. O CBD e o THC são os canabinoides mais estudados e utilizados clinicamente, porém apresentam perfis farmacológicos bastante distintos.
O CBD não possui efeito psicoativo e atua de forma indireta no sistema endocanabinoide, modulando receptores e enzimas envolvidas na regulação de processos como ansiedade, inflamação, dor, epilepsia e neuroproteção. Além disso, o CBD interage com outros sistemas, como o serotoninérgico, o GABAérgico e os receptores vaniloides, o que contribui para sua ampla aplicabilidade clínica e, em geral, boa tolerabilidade. Já o THC é o principal responsável pelos efeitos psicoativos da cannabis, atuando principalmente como agonista dos receptores CB1 no sistema nervoso central. Essa ação explica seus efeitos analgésicos, antieméticos, relaxantes musculares e estimulantes do apetite, mas também está relacionada a efeitos adversos como ansiedade, taquicardia, alterações cognitivas e, em indivíduos suscetíveis, sintomas psicóticos.
A resposta clínica à cannabis medicinal depende não apenas do tipo de canabinoide, mas também da forma como ele é administrado. As vias de administração influenciam diretamente a velocidade de início dos efeitos, a duração da ação, a biodisponibilidade e o perfil de segurança do tratamento. As formulações orais e sublinguais, como óleos, cápsulas e sprays, são as mais utilizadas na prática clínica. A via sublingual permite absorção mais rápida e previsível, com menor efeito de primeira passagem hepática, enquanto a via oral apresenta início de ação mais lento, porém efeitos mais prolongados, o que pode ser desejável em condições crônicas.
Formulações tópicas, como cremes e géis, têm uso mais localizado, com mínima absorção sistêmica, sendo úteis principalmente para dor musculoesquelética e inflamações locais. Já as vias inaláveis apresentam início de ação rápido, mas maior variabilidade de dose e maior risco de efeitos adversos, motivo pelo qual seu uso é restrito a contextos muito específicos e devidamente regulamentados. A escolha da via de administração deve considerar a condição clínica, a idade do paciente, a necessidade de início rápido ou efeito prolongado, a tolerabilidade e o perfil de risco individual.
Do ponto de vista farmacocinético, tanto o CBD quanto o THC são metabolizados principalmente pelo fígado, envolvendo enzimas do citocromo P450, o que explica a possibilidade de interações medicamentosas relevantes. Esse fator reforça a importância de uma anamnese detalhada, da revisão cuidadosa da prescrição em uso e do monitoramento clínico contínuo, especialmente em pacientes polimedicados, idosos ou com doenças hepáticas.
Entender a farmacologia da cannabis medicinal permite ao profissional de saúde ir além do uso empírico, oferecendo um tratamento mais seguro, eficaz e personalizado. A escolha adequada entre CBD, THC ou suas combinações, associada à via de administração mais apropriada, é fundamental para maximizar os benefícios terapêuticos e minimizar riscos. A cannabis medicinal, quando utilizada com conhecimento técnico e acompanhamento médico, torna-se uma ferramenta terapêutica valiosa dentro de uma prática clínica responsável e centrada no paciente.
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